"A criação de ambientes educativos inclusivos implica identificar os pontos de partida e regular o processo de aprendizagem sistematicamente, sobretudo conhecer as competências dos alunos que parecem ter mais relevância para a participação e para a aprendizagem (Rodrigues, 2022). Mas, para isso, como defende Earl (2013), é fundamental compreender que a aprendizagem e a avaliação estão intimamente interligadas e assumir uma conceção da avaliação para e como aprendizagem. Esta autora define três conceções de avaliação: a avaliação da aprendizagem, a avaliação para a aprendizagem e a avaliação como aprendizagem. A avaliação que tem predominado nas escolas é a avaliação da aprendizagem, que é, na generalidade, uma avaliação sumativa; a ênfase é colocada nos produtos e orientada quase exclusivamente para classificar, selecionar ou certificar as aprendizagens dos alunos no final do ano. A avaliação para a aprendizagem valoriza a vertente formativa, a diversificação de instrumentos de avaliação e tem como finalidade a orientação e regulação do processo de aprendizagem.
Earl (2013) considera que a avaliação da aprendizagem continua a ser importante, quando é necessário avaliar sumativamente, embora deva ter um papel mais reduzido do que as outras duas abordagens, sendo que a mais importante deve ser aquela que põe em destaque o papel do aluno, a avaliação como aprendizagem. A autora reforça, com esta terceira conceção de avaliação, o papel da avaliação formativa ao enfatizar o papel do aluno, não apenas como o contribuinte para o processo de aprendizagem e de avaliação, mas também como a ligação crítica entre estes. A avaliação como aprendizagem ocorre quando os alunos monitorizam a sua própria aprendizagem e usam o feedback recebido para fazerem ajustes, adaptações e mesmo grandes mudanças na sua aprendizagem. Esta abordagem avaliativa propõe uma reconfiguração da avaliação tradicional (figura 40), dando a oportunidade aos alunos de monitorizarem as aprendizagens e de procederem a correções e ajustes. É importante aqui clarificar que a autoavaliação não deve “ser entendida como ‘autoclassificação’, o que muitas vezes é o que acontece no fim de um período, semestre ou ano letivo” (Lima et al., 2022, p. 7). Para Earl (2013), o maior enfoque deve estar em estratégias de avaliação que contribuam efetivamente para a aprendizagem dos alunos, levadas a cabo pelo docente (para a aprendizagem) e pelos alunos (como aprendizagem)."
Retirado de "Módulo 4: A inclusão na sala de aula"
"O projeto MAIA - Monitorização, Acompanhamento e Investigação em Avaliação Pedagógica, iniciado em 2019 e coordenado por Domingos Fernandes, decorre da necessidade de investir na avaliação formativa, no sentido de desenvolver uma avaliação como e para a aprendizagem. Este projeto implementado pela DGE, no âmbito do Plano 21|23 Escola+, compreendeu a intervenção em Agrupamentos de Escolas/Escolas Não Agrupadas através da formação de docentes, em colaboração com os CFAE e as direções dos Agrupamentos de Escolas/Escolas Não Agrupadas e com os docentes, e tem como finalidade promover a integração da avaliação pedagógica nos processos de desenvolvimento curricular. Os relatórios do trabalho desenvolvido e os diversos materiais de apoio estão disponíveis em: https://afc.dge.mec.pt/projeto-maia-introducao."
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